sábado, 5 de dezembro de 2009

Ao longe, ao luar


Ao longe, ao luar,
No rio uma vela,
Serena a passar,
Que é que me revela?
Não sei, mas meu ser
Tornou-se-me estranho,
E eu sonho sem ver
Os sonhos que tenho.
Que angústia me enlaça?
Que amor não se explica?
É a vela que passa
Na noite que fica.



Fernando Pessoa


Escolhi este poema de Pessoa Ortónimo porque, apesar de ser um poema de apenas três estrofes, diz o essencial sobre o sentir com a imaginação de Pessoa, e a sua busca por aquilo que está além daquilo que imagina.
Na primeira estrofe encontramos o verso “Ao longe, ao luar,”, que nos dá uma noção de algo longínquo, alcançável na nossa imaginação, mas não na vivência (realidade). Pessoa caracteriza a vela como uma serena passagem, mas que apesar de tudo não sabe o que significa, contudo sente-se um pouco estranho quanto a isso. No terceiro e quarto versos, o Eu poético estabelece a tão importante ligação entre a imaginação (sonhos que tem) com a realidade, ou a falta dela (sonhar sem ver). A sua consciência leva-o a questionar-se, mas a realidade é que a passagem ocorre (“É a vela que passa”) e nada muda (“Na noite que fica”).

Gostei muito deste poema, o poema mostrou a forma como Pessoa sente com a imaginação o que é uma característica que aprecio. Também gosto bastante da estrutura simples, apesar da trabalhosa interpretação.



João Duarte nº10 12ºC

2 comentários:

Fátima Inácio Gomes disse...

Vá lá!... não foi assim tão trabalhosa :))) ainda havia "pano para as mangas" :D

RRS disse...

Brigado ja me fizeste o trabalho de português