Eu escondido entre os teus cabelos d'oiro
Aguardo alcoolizado a tua presença
Pois teu espectro de sol, espectro d'agoiros
Mergulhou-me em paternal desavença...
Raivoso como colosso enterrado
Num peito que palpita, latejante
Sepultado aguarda um desejo pardo
No pequeno e verde olho do gigante
Oh, mas não se desfaz sobre o luar
A materna malha da minha ausência
Testando a minha dócil paciência
Quanto ao tempo que o deixarei ficar
Ocupando o meu trono por direito
Há muito fundado em dourado leito
29 comentários:
mudei... e ainda vou mudar mais... tentar escrever sonetos com a escrita rude que ainda tenho faz com que ponha massa a mais no mesmo, cortei a metade que sobrava e fiz outra, talvez faça o mesmo com o que cortei...
agora a parte difícil... faz o que farias numa aula de português com o soneto de alguém que os soubesse fazer...
by the way, I'm flattered...
:-)
Olha que belíssimo exercício que o Bruno propôs... vá lá! depois, podem sempre conferir se "descobriram" a intenção do autor... :D e até, surprender o autor com aquilo que nem ele supôs que ficou "evidente" ;)
(Cláudia... é "mudaste" :P)
o exercício... e o soneto?
calma... a minha Alma anda árida para me pronunciar sobre as belas letras...
Sô Dótora, por aqui?! e eu a pensar que se tinha eclipsado aquando a Lua evil
*tsss ca calinada :S, foi da pressa cof eu limpo isso!
#ó scorpionster eu ñ sei que maquiavélicas influências me guardas,
o que é certo é que hoje no teste de química não tinha a certeza de como se escrevia baixo. :s
...a telepatia do "intenção" ainda me arrepia, é que foi ao mesmo tempo! :s
"depois, podem sempre conferir se "descobriram" a intenção do autor... :D"
já fiz um exercício parecido, mas com uma pintura em exposição numa biblioteca...o autor queria transmitir alhos e eu falava de bugalhos...pelo menos houve mote para boas risadas
"a minha Alma anda árida para me pronunciar sobre as belas letras..."
peça ajuda à Nossa Sra de Fátima Lopes! ;p
tu muito falas, e fazer alguma coisa?
trabalha pá...
e eu sei escrever baixo...
mas talvez não escrevas com Higiene!
"tu muito falas, e fazer alguma coisa?
trabalha pá..."
é não é Bruninho deixa-me que te refresque a MEMÒRIA:
"E é bom saber q gostaram do Fractal, agradeço-vos(insisto!) as sugestões e interpretações!"
ou
"folgo em saber que o fractal despoletou tão interessantes (por isso é que se ñ lhe referem)comentários"
Pim!!PUm!!
vou pá cama...
“Eu escondido entre os teus cabelos d'oiro
Aguardo alcoolizado a tua presença
Pois teu espectro de sol, espectro d'agoiros
Mergulhou-me em paternal desavença...”
Num impulso áureo o eu poético afoga o leitor numa densidade de percepções visuais que, de imediato, lhe pungem sibilos de refulgência e deslumbramento. Assim, nos seus olhos, molda-se uma espécie de cegueira quimérica, que o transporta para esferas de douradas hipnoses. No entanto (pelo que conheço do autor*…que foi?! isso influencia!...), esta imagem, que envolta em um idealismo bordado, se funde sobre o impressionismo das sensações dum primeiro instante, acomoda em si nuances mais terrenas. Creio, deste modo, que tal “oiro” não remete senão para valores e virtudes concretas e reais da figura retratada, daí que tenho de sair agora…
* Note-se a diferença entre autor e sujeito poético.
(Oh Bruninho vá lá não te custa nada participares na sexta…por favor!)
http://www.cosmopolis.ch/klimt3.jpg
eu cheguei a fazer mais interpretação, mas (ironia do destino grrrrrr) ao ficar sem Net perdi o coment
:(
xauxau
já tenho atraso na conta
um senhor cuja opinião no que respeita a literatura respeito, garantiu-me que não devemos ler com a impressão que conhecemos o autor...
tá bonito isso, I'm flattered... agora o resto :-)
"garantiu-me que não devemos ler com a impressão que conhecemos o autor..."
eu sei, mas torna-se inevitável e por mais que tente, acabo sempre por, mentalmente, te Ver e Ouvir a ler o poema.
mas isso é cá defeito meu ;)
"garantiu-me que não devemos ler com a impressão que conhecemos o autor"
com certeza!
(Camilo Pessanha padeceu pela falta dessa mesma distinção..."a obra dum bebâdo", diziam...)
mas, e será o mesmo cenário se o conhecermos pessoalmente?
nunca... acredita, se metade das pessoas que amam a memória do Pessoa o tivessem visto todo podre a vomitar pelas ruas,
não amavam...
ui.. como as meada se enrolou!?!?!
Sim, em primeiro lugar, temos de fugir das tentações biografistas quando analisamos uma obra. Como dizia Müller, dizemos sempre mais do que suspeitamos...
Quanto à minha análise (superficial, embora): no 3º verso eliminaria o "pois", alonga desnecessariamente o verso, corta a métrica e é não acrescenta nada que não se depreenda do contexto.
O outro pormenor... na segunda estrofe mudas o registo da 1ª pessoa para a 3ª, "aguarda" sem ser que se clarifique a quÊ/quem te referes... o pai? o pp coração?... outro?... e encerras o soneto sem que a "chave d'oiro" esclareça esse ponto - "o deixarei ficar".
O segundo verso lembra-me Mário de Sá-Carneiro... ;)
até que enfim se fez vazio na toquinha que há muito parece ter-se metido...
o "pois" tá a começar uma frase explicativa, tirando-o, por mais vezes que leia essa quadra ela não me faz mais sentido que aquele pouco que possui à partida...
o "aguarda", o desejo que brilha no olhito do suposto infante...
quanto a"o deixarei ficar"... como se chamava o marido de Jocasta?(julgo ser esse o nome)...
"O segundo verso lembra-me Mário de Sá-Carneiro... ;)"
wow, I have first impression and confirmation, one more and I move to Paris :D
e outra coisa, hoje aconteceu-me uma imagem de morte que, enfim... imaginando-me lendo-a sem a ter escrito, wow... enfim...
depois mostro, acho que ainda não acabei...
Quanto à explicativa... há uma coerência interna na poesia... eu entenderia sempre a explicativa latente.
Quanto ao "aguarda", lá está, sempre houve uma passagem insuspeita da 1ª para a 3ª pessoa (pode confundir o leitor... a mim confundiu-me)
Quanto ao marido de Jocasta... Laio, mas também seu filho Édipo... ;-)
humm... tiveste uma "imagem de morte"?!?!?... quÊ? viste um polvo! :P
"
humm... tiveste uma "imagem de morte"?!?!?... quÊ? viste um polvo! :P"
hmmm, não... só me lembrei de uma coisa que morre para ficar mais bela que quando era viva, enquanto olhava uns campos...
jocasta, laio, édipo... encaixa ao leitor?
Quanto à tríada... perfeitamente, my dear ;)
Quanto à visão, quase parece uma adivinha: morre para ficar mais bela e vive no campo...
ah, eduque-me, eduque-me... entenda-se porque me sinto meio "seim jeito" quando digo isto mas estou bastante satisfeito com as índoles que me ocorrem, a única coisa na qual vejo que muito falho é o formato... mas isso vem com o tempo, ou com o génio, e visto que sou um bocadinho velho para arranjar um...
escolinha pá...
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