sábado, 5 de março de 2011

 
Lua




Eterna musa inspiradora de poetas… Enches a noite aos amantes, sentados sobre a areia, e que te fitam, juntos, desafiando a cortante brisa marítima… Enches de brilho os olhos dos vagabundos que, tal como eu, procuram algo…

Contemplo o céu e dou-te o devido destaque entre as estrelas, não pela tua majestosa figura, embelezando a vida terrena de milhões de pessoas, que param por momentos para te olhar, mas pelas noites que reconfortaste a minha alma, pelos olhares, pelas palavras… Também eu te fitei, nas longas e frias noites em que corrompias a escuridão da noite com a tua luz. Nessas noites, ora sobre o primeiro degrau de muitos outros degraus, ora sobre a pedra fria e aconchegante que compõe a varanda da casa onde moro, aproximavas-te, gentilmente, e limpavas as lágrimas que, ao ritmo da pena enchiam folhas de traços de tinta azul, alguns, por vezes, manchados pela água abundante em mim… Gentilmente, fazias esbordar felicidade pelos meus olhos rasgados e o meu sorriso puro, salpicado de estridentes gargalhadas que ecoavam até aos confins do Universo… Gentilmente, fazias as noites prolongarem-se, só para que pudesse ver-te uma última vez antes que, de uma forma talvez um pouco vil, desaparecesses e desses lugar a um novo dia.

      Após tantos dias, após mais um Inverno, continuo a fitar-te lá, bem alto no firmamento, porque, à semelhança do mar, fazes parte da minha essência.




Catarina, 10º A

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