08 de Janeiro de 2011
Minha querida Dale,
Confesso que sinto saudades tuas, as tuas cartas são tão escassas, que cada vez que recebo uma carta tua devoro-a em segundos, na esperança que a saudade diminua e que venhas ter comigo. Tu és a pessoa que, verdadeiramente, conhece o meu ser, o meu egoísmo e a minha doença e, mesmo assim, continuas a meu lado, sempre com as tuas palavras doces e reconfortantes. Mesmo quando sou o ser mais mesquinho e arrogante, tu dizes que me adoras e isso faz de mim, uma pessoa melhor. Por mais palavras e metáforas que use, nunca chegarias a entender um décimo daquilo que tu significas para mim. Não gosto de te rotular como minha melhor amiga, pois essas palavras estão tão banalizadas hoje em dia, que sinto que essas duas palavras seriam um insulto àquilo que és verdadeiramente.
As tuas cartas são tão esporádicas que desde a tua última carta, apaixonei-me e desiludi-me, chorei e ri, vivi e desejei morrer. Apaixonei-me pela pessoa mais improvável, o que me fez sentir como a pior pessoa do mundo, a mais egocêntrica e egoísta. Chorei por isso e ri-me do meu próprio choro. Vivi à espera de falar contigo e desejei morrer do esperar que o tempo passasse. Talvez tu vás dizer que estou a dramatizar e que tudo vai correr bem, ou talvez seja eu que esteja a desesperar por ouvir isso vindo de ti.
Só quero que saibas que tu significas muito para mim e que todos os dias espero noticias tuas. Por vezes, tenho receio que saias da minha vida sem dizer adeus, por vezes, penso que seja o meu egoísmo que te prende a mim. Não quero que digas que me adoras só porque tu representas isso para mim. A minha carta pode parecer-te um devaneio algo imaturo, mas não te consigo descrever sem tudo parecer inacabado e infantil. Talvez um dia, venhas a sentir isso.
Minha querida, agora tenho que ir, espero a tua resposta.
Ângela
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