quarta-feira, 16 de março de 2011

A propósito de Camões...

... António Gedeão deu a Lionor uma lambreta :)



POEMA DA AUTO-ESTRADA
 
Voando vai para a praia
Leonor na estrada preta.
Vai na brasa, de lambreta.

Leva calções de pirata,
vermelho de alizarina,
modelando a coxa fina
de impaciente nervura.
Como guache lustroso,
amarelo de indantreno,
blusinha de terileno
desfraldada na cintura.
  
Fuge, fuge, Leonoreta.
Vai na brasa, de lambreta.

Agarrada ao companheiro
na volúpia da escapada
pincha no banco traseiro
em cada volta da estrada.
Grita de medo fingido,
que o receio não é com ela,
mas por amor e cautela
abraça-o pela cintura.
Vai ditosa, e bem segura.
  
Como um rasgão na paisagem
corta a lambreta afiada,
engole as bermas da estrada
e a rumorosa folhagem.
Urrando, estremece a terra,
bramir de rinoceronte,
enfia pelo horizonte
como um punhal que se enterra.
Tudo foge à sua volta,
o céu, as nuvens, as casas,
e com os bramidos que solta
lembra um demónio com asas.

Na confusão dos sentidos
já nem percebe, Leonor,
se o que lhe chega aos ouvidos
são ecos de amor perdidos
se os rugidos do motor.

Fuge, fuge, Leonoreta.
Vai na brasa, de lambreta.


António Gedeão (Rómulo de Carvalho, 1906-1997)
in Máquina de Fogo (1961)

sábado, 5 de março de 2011

 
Lua




Eterna musa inspiradora de poetas… Enches a noite aos amantes, sentados sobre a areia, e que te fitam, juntos, desafiando a cortante brisa marítima… Enches de brilho os olhos dos vagabundos que, tal como eu, procuram algo…

Contemplo o céu e dou-te o devido destaque entre as estrelas, não pela tua majestosa figura, embelezando a vida terrena de milhões de pessoas, que param por momentos para te olhar, mas pelas noites que reconfortaste a minha alma, pelos olhares, pelas palavras… Também eu te fitei, nas longas e frias noites em que corrompias a escuridão da noite com a tua luz. Nessas noites, ora sobre o primeiro degrau de muitos outros degraus, ora sobre a pedra fria e aconchegante que compõe a varanda da casa onde moro, aproximavas-te, gentilmente, e limpavas as lágrimas que, ao ritmo da pena enchiam folhas de traços de tinta azul, alguns, por vezes, manchados pela água abundante em mim… Gentilmente, fazias esbordar felicidade pelos meus olhos rasgados e o meu sorriso puro, salpicado de estridentes gargalhadas que ecoavam até aos confins do Universo… Gentilmente, fazias as noites prolongarem-se, só para que pudesse ver-te uma última vez antes que, de uma forma talvez um pouco vil, desaparecesses e desses lugar a um novo dia.

      Após tantos dias, após mais um Inverno, continuo a fitar-te lá, bem alto no firmamento, porque, à semelhança do mar, fazes parte da minha essência.




Catarina, 10º A

Carta...





08 de Janeiro de 2011


Minha querida Dale,



Confesso que sinto saudades tuas, as tuas cartas são tão escassas, que cada vez que recebo uma carta tua devoro-a em segundos, na esperança que a saudade diminua e que venhas ter comigo. Tu és a pessoa que, verdadeiramente, conhece o meu ser, o meu egoísmo e a minha doença e, mesmo assim, continuas a meu lado, sempre com as tuas palavras doces e reconfortantes. Mesmo quando sou o ser mais mesquinho e arrogante, tu dizes que me adoras e isso faz de mim, uma pessoa melhor. Por mais palavras e metáforas que use, nunca chegarias a entender um décimo daquilo que tu significas para mim. Não gosto de te rotular como minha melhor amiga, pois essas palavras estão tão banalizadas hoje em dia, que sinto que essas duas palavras seriam um insulto àquilo que és verdadeiramente.
            As tuas cartas são tão esporádicas que desde a tua última carta, apaixonei-me e desiludi-me, chorei e ri, vivi e desejei morrer. Apaixonei-me pela pessoa mais improvável, o que me fez sentir como a pior pessoa do mundo, a mais egocêntrica e egoísta. Chorei por isso e ri-me do meu próprio choro. Vivi à espera de falar contigo e desejei morrer do esperar que o tempo passasse. Talvez tu vás dizer que estou a dramatizar e que tudo vai correr bem, ou talvez seja eu que esteja a desesperar por ouvir isso vindo de ti.
            Só quero que saibas que tu significas muito para mim e que todos os dias espero noticias tuas. Por vezes, tenho receio que saias da minha vida sem dizer adeus, por vezes, penso que seja o meu egoísmo que te prende a mim. Não quero que digas que me adoras só porque tu representas isso para mim. A minha carta pode parecer-te um devaneio algo imaturo, mas não te consigo descrever sem tudo parecer inacabado e infantil. Talvez um dia, venhas a sentir isso.
            Minha querida, agora tenho que ir, espero a tua resposta.

Ângela

sexta-feira, 4 de março de 2011

Os Perseguidos




Alex Shearer, autor do livro “ Os perseguidos “, nasceu em 1949, em Wick, uma pequena cidade costeira no norte da Escócia. Aí viveu com os pais e o irmão até aos 5 anos, altura em que, por razões de saúde, a família se mudou para o sudeste da Inglaterra. Antes de se tornar escritor teve mais de 30 profissões diferentes (desde apanhador de minhocas a programador informático) e nunca desistiu de tentar tocar viola. Publicou até ao presente mais de uma dezena de livros para jovens e adultos, sendo também autor de diversas séries televisivas de sucesso, bem como de filmes, peças de teatro e peças radiofónicas. Vive actualmente em Somerset, com a mulher e dois filhos. 


A história fala de um futuro onde os médicos tinham inventado uns comprimidos anti-envelhecimento e uns implantes PP (implantes Peter Pan) que faziam com que a pessoa parasse de envelhecer definitivamente. Só que estes métodos de parar o envelhecimento tinham um preço: faziam com que as pessoas ficassem inférteis, o que levava a que o mundo ficasse um mundo de adultos, onde raramente se viam crianças. Para complicar mais a vida destas existiam raptores-de-miúdos, que raptavam as crianças e vendiam-nas a um bom preço.
Tarrin, a personagem principal, era uma criança, que nunca tinha visto os pais, e vivia com Deet, seu tutor. Deet vivia às custas de Tarrin, pois Tarrin, como era uma criança, era alugada a pessoas que não tinham filhos, só para estas verem, por uma tarde, como era ter um filho, e era assim que ganhava dinheiro.
Por esta razão, Deet queria implantar a Tarrin um implante PP, pois fariam com que parasse de crescer, e assim Deet teria rendimento até ao resto da sua vida, mas Tarrin não queria um implante, só queria crescer e ser um adulto.
 Obrigado a uma vida de fuga constante, Tarrin enfrentou múltiplos perigos, pois ele era um dos perseguidos.
Este livro retrata bem a ganância e o egoísmo das pessoas. Estas não se importavam de pôr em risco as gerações futuras, desde que elas estivessem bem. Não tinham vergonha de viver às custas de crianças ou de vendê-las e tratarem-nas como se fossem um simples objecto caro e precioso. Estavam-se nas tintas para os valores humanos, só olhavam para o seu próprio umbigo.

 Embora a história seja ficcional, esta tem alguns traços verídicos, pois cada vez mais as pessoas são mais egoístas e fazem de tudo para se sentirem bem.
Nesta história a personagem principal é uma criança. Será que ainda podemos considerar que são crianças? As crianças não trabalham, nem têm a noção do que é dinheiro. Mas estas crianças são falsas, pois não fazem nada de que uma criança normal faz, a não ser que estejam a trabalhar.
É um livro emocionante que conta a vida de uma “criança”, que também tem as suas birras, mas que, no entanto, leva a vida como um adulto e que faz de tudo para encontrar os pais.

                                                                                                                                   Ana Sofia Lomar 10ºA