Em "O Amor nos Tempos de Cólera", do Gabriel Garcia Márquez, a mãe do grande amoroso, Florentino Ariza, recomenda-lhe: "Aproveita agora que és novo para sofreres o mais que puderes, porque estas coisas [as do amor] não duram toda a vida".
E ele comprazia-se com o seu sofrimento amoroso, porque a sua maior glória era amar.
Não serei tão severa conselheira quanto a mãe de Florentino, mas que o Amor, seja o feliz ou o infeliz, sentido, é o maior potenciador criativo que conheço, ah isso é...
Aqui vos deixo dois poemas do "nosso" Edd, que já não faz trabalhos para a professora, mas que não se inibe de partilhar o que de belo cria comigo, connosco.
Fui mas fiquei, agora permanecerei
Ela estava longe, distante como uma luz no universo...
O caminho encurtava-se, já lhe sentia o peito a encher-se e esvaziar-se conforme o sopro de vida.
Via os lábios, de um cor de rosa tão perfeito, que faria chorar qualquer cor.
Aproximava-se cada vez mais.
Ela não se movia, era eu que corria.
Estava quase a chegar, quando flutuei no seu aroma.
Era como o carvalho humedecido pelo orvalho da manhã, fazia-me sentir livre.
Já sentia o calor emanado da sua pele.
O meu coração palpitava com uma força tal, que, se não estivesse anestesiado
talvez pensasse que estava a tentar fugir.
Ela abriu os braços.
Fiquei deliciado, sorri e corri ainda mais.
Era uma sombra, nas sombras.
Ia tocar-lhe, mas nada aconteceu, ultrapassei-a era como se ela não estivesse lá.
Ela virou-se enquanto chorava e gritava "NÃO, PORQUÊ? PORQUÊ QUE TE FOSTE SEM MIM?"
Olhava para um corpo inerte, imóvel, rijo.
Com uma cara fria e pálida, branca como cal.
Os seus olhos ficavam baços, com a cor castanha avelã a esgotar-se a cada segundo que passava.
Eram-me tão familiares.
Foi aí que o deixei de sentir. O coração que fugia. Libertou-se com a ultima batida.
Ali, estendido aos pés daquela que jamais poderia tocar outra vez, estava eu...
Lua Nova
Eduardo Silva