quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Um 5 de Outubro às direitas






     As cerimónias do 5 de outubro de 2012, à primeira vista, foram apenas marcadas pela bandeira nacional hasteada ao contrário. Ora desengane-se.
     Para começar, as comemorações oficiais do 5 de outubro foram, este ano, desviadas do Largo do Município, onde costumam decorrer todos os anos, para o Pátio da Galé. Tudo bem que foi no Largo do Município que foi proclamada a República, mas imaginemos que os professores ou os populares se lembravam de organizar uma manifestação? Parece que não, mas não dá jeito nenhum ouvir as palavras sábias do Excelentíssimo Presidente da República e, como som de fundo, as queixas de pessoas piegas que não querem é trabalhar. Já para não falar que os potentes carros dos deputados precisam de espaço para circular. Não os podemos comparar aos Clios, nem aos submarinos que passam “por baixo”, em qualquer lado.
     Em segundo lugar, a bandeira foi hasteada ao contrário. Ao que parece, António Costa mandou um pedido de desculpas formal a Aníbal Cavaco Silva, mas o Presidente da Republica contra-argumenta explicando que a culpa foi das secretas. Parece que tinha a sensação de estar a ser espiado e isso, parece que não, coloca muita pressão num presidente que está mais habituado a não aparecer em público.
     Depois desse lamentável incidente, uma enganadora desempregada de 57 anos interrompeu o discurso oficial. Com isso infringiu duas regras: primeiro não tinha convite para entrar (sim, porque isto da República não é para ser comemorado por todos) e, segundo, não apresentava uma indumentária apropriada. Disse enganadora porque, ao que parece, tinha comprado a roupa nas promoções do Freeport. Ora, toda a gente sabe que quem está ligado ao caso Freeport está cheio de dinheiro. Felizmente, os gorilas de Aníbal Cavaco Silva amordaçam gente desta estirpe.
     Enquanto o discurso decorria, as secretas entravam em ação. Parece que andavam a circular vários e-mails secretos, o que fez com que a bandeira fosse hasteada corretamente, sem que ninguém se apercebesse. Aníbal Cavaco Silva, mais uma vez, mostrou ter razão.
Este feriado de 5 de outubro marcou a diferença. É pena ter sido o último. Ou então, aí é que está a diferença.




Sara Silva, 11ºF

4 comentários:

Fátima Inácio Gomes disse...

Gostei, Sara :)
Uma boa dose de humor e de ironia, apesar da tristeza da realidade descrita.
Ficará um bom testemunho para o futuro ;-)

Sara Salgueiro disse...

Sara Salgueiro Silva: Ainda bem que gostou (:
Espero que fique como testemunho para o futuro e que as pessoas se divertam a ler como eu me diverti a escrever.


Sara Salgueiro disse...

*divirtam

Fátima Inácio Gomes disse...

:))