terça-feira, 18 de setembro de 2012

Homenagem a Teresa Horta




Não só de poemas (superiores, desafiantes) se faz esta Mulher.
Ela é um exemplo de coerência e de cidadania.
Ela é aquilo que cada português deveria ser: corajoso, digno, pensante, com valores humanizados.



Por isso, recordo estes seus versos, de 1963! A coerência é isto: quase 40 anos depois, recusa-se a que o seu discurso seja "conivente":

"(...)

E se palavras tenho
como armas
moldando-as uma a uma
consciente
é de habitá-las hoje
que suponho não mais poder
usá-las conivente"

                        (poema "Palavras", in Amor Habitado, 1963)





Presto-lhe homenagem por esta notícia de hoje:

http://www.publico.pt/Cultura/maria-teresa-horta-recusase-a-receber-premio-d-dinis-das-maos-de-passos-coelho--1563564

Presto-lha, com um poema seu:


Poema sobre a recusa

Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
nem na polpa dos meus dedos
se ter formado o afago
sem termos sido a cidade
nem termos rasgado pedras
sem descobrirmos a cor
nem o interior da erva.

Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
minha raiva de ternura
meu ódio de conhecer-te
minha alegria profunda.




E uma pequena entrevista:


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