segunda-feira, 22 de outubro de 2012

O barco português anda à deriva



    

 A democrática instituição que entra pelos países adentro para tomar decisões que interessam a todos, reconheceu ter errado nos cálculos dos impactos da austeridade nos países que passam por dificuldades, como Portugal. Mas estão a brincar connosco? Será que eles sabem que quando se fala em 15% de desempregados em Portugal, se fala em mais de 827 mil pessoas desempregadas a passar por dificuldades? Não são só números, são vidas, senhores economistas.
    Desde que começaram a falar em “crise económica” que em Portugal se têm tomado medidas que visam a redução das despesas. Mas todos os subsídios tirados, todas as empresas que fecharam levando famílias inteiras para o desemprego, todos os funcionários públicos despedidos, todos os cortes em pilares da sociedade como a saúde e educação, apenas trouxeram uma avalanche de problemas e parece-me que os efeitos dessa bola de neve incontrolável não foram os mais desejados. Eu não sou economista, não sei apontar medidas, mas não é preciso ser muito estudiosa para entender que, quando se corta ao consumo numa sociedade capitalista baseada nesse mesmo consumo, não vai correr bem. Mas não foi isso que entenderam os entendidos da matéria, concluíram eles que a austeridade era a saída para esta crise, e os resultados estão à vista: um país mergulhado nesta crise até ao pescoço, já com pessoas sem conseguirem respirar e outras já mesmo sem fôlego. Mas o que eles nos dizem é que temos de ter paciência, que não há alternativa, mas o que eu gostava de saber era até quando isto irá continuar, porque já existe pouco ar, o afogamento está eminente.
    Em terra de marinheiros sonhadores que viram a glória além mar, lá fora, hoje parece que temos de fazer esse papel também: descobrir uma saída lá fora, longe do nosso adorado e amado Portugal. Num país em que a educação está a ser também posta de parte pelas medidas de salvação nacional aconselhadas por não sei bem quem, mas que certamente não é português, é por demais evidente que existe uma descrença nesta área. E como quer um país crescer se não apostar na educação dos seus jovens?! Está visto que vamos ser os mesmos atrasadinhos para sempre. Aqueles que hoje conseguem finalizar os estudos não veem o futuro com que sempre sonharam, que muitas vezes os seus pais tiveram e que eles nunca irão ter. É por isso que hoje, o mais necessário para muita gente é a procura de uma solução lá fora, onde o valor de jovens que passaram parte da vida a estudar é reconhecido. Prova disso é o conselho do nosso salvador da pátria, Pedro Passos Coelho: "emigrem!". Mas por muito que me custe, reconheço que ele tem razão, não vale a pena insistir mais neste cão abandonado, sem rumo, cheio de parasitas e farto de ser atropelado por gigantes, em que a solução terá mesmo de ser o abate. É claro que estou a falar do nosso país, não de um cão, porque a um cão ainda se pode reabilitar e dar-lhe um final feliz, ao nosso país não.
   É com este sentimento de descrença nacional que me fico. Portugal está ultrapassado e já nem com rezas ou com um D. Sebastião vai lá, que até agora rezar e esperar pelo nosso salvador era isso que sabíamos fazer, mas está visto que não tiveram bons resultados. Agora, aos sonhadores, resta-lhes lutar, aos demais eu digo: deixem morrer. 



Raquel Pereira, 11ºF

1 comentário:

Fátima Inácio Gomes disse...

Parabéns! gostei muito, tanto do sentido crítico como da estrutura discursiva. Algumas correções e fica "perfeito" :)