segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Pessoa em mim…










Eis o desafio para este período lectivo… proponho-vos que leiam, respirem, vivam Pessoa. Encontrem um poema (a violência é esta… só um é difícil!) que vos toque particularmente. Mais difícil, ainda, não quero um dos que aparecem no manual… afinal, Fernando é tão múltiplo que têm muito onde explorar!...
A minha escolha… e poderiam ser tantas, pois revejo-me muito no pessimismo de Campos, na “dor de pensar” do Ortónimo, na “fragmentação do eu”… no entanto, escolhi Alberto Caeiro. E um Caeiro muito diferente daquele que é o convencional… um Caeiro apaixonado! Escolhi-o por ser inusitado. Por estar mais próximo de nós.




Ricardo Reis, que via nele o seu Mestre, “acusou-o” de estar doente… pois pensou o amor. Aquele Caeiro que dizia: “Se quiserem que eu tenha um misticismo, está bem, tenho-o. / Sou místico, mas só com o corpo. / A minha alma é simples e não pensa. / O meu misticismo é não querer saber. / É viver e não pensar nisso. Não sei o que é a Natureza: canto-a. /(…)”, agora, pensa o amor!

Entenderão, assim, melhor, a magia destes versos do “Pastor Amoroso”:

Passei toda a noite sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distracção animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero. Quero só
Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.

®

Todos os dias agora acordo com alegria e pena.
Antigamente acordava sem sensação nenhuma; acordava.
Tenho alegria e pena porque perco o que sono
E posso estar na realidade onde está o que sonho.
Não sei o que hei-de fazer das minhas sensações.
Não sei o que hei-de ser comigo sozinho.
Quero que ela me diga qualquer coisa para eu acordar de novo.


E agora… a vós a palavra!... e a pessoa…

7 comentários:

filipa disse...

a ideia é muito boa...
só fiquei com uma dúvida: nao é só escolher o poema pois não??
temos que justificar a escolha certo?
senao não dá pica, não tem piada...
;)

Anónimo disse...

tambem isto é um blog de portugues nao é de enfermagem para dar pica.

XD

Grande ideia!!


Luis Loureiro
12ºB

Fátima Inácio Gomes disse...

ahahahaha só mesmo o D.Luís para se sair com uma resposta destas! :D

Mas é mesmo isso, meus amigos... não quero nada formal, mas com qualidade, como é natural.
Explorem o porquê de "aquele poema" ser marcante a ponto de vos levar a escolhê-lo! ;-)

filipa disse...

gostei da "tirada" luís!
:P

Nuno Areia disse...

as fotos... mosteiro dos jerónimos?

Fátima Inácio Gomes disse...

Exactamente! :)
..... Onde eu pretendo levar os meninos e meninas que se portarem bem! :P

Anónimo disse...

:roll: vou ajudar um séniores a atravessar a rua para a mae natal ficar com boa impressao de mim :twisted: