segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Insânia


Esgravato o ventre
à procura dum
tu:
que não seja eu;
.................nem seja
nós.
Gritam-me já as unhas,
da [minha] tua voz!
Verniz de seda plangente...

Oh loucura esfomeada, cuidas
ter-me como refeição?
Pois bem, que seja.
Faço-me carne tua
de bandeja,
com alface e coração!

um,
dois,
quatro,

shh...

Quando estavam sós,
brincavam as bonecas da menina;
mas fingiam-se de mortas,
mal a gente lhes bulia.

Sopor Aeternus

Tenho uma ferida no teu corpo.
ubíqua no meu espírito.
Tenho-a como o doce torpe,
que lambe colheres de infinito.
Tenho-a escondida debaixo do tapete;
do quarto
da alma
solidamente perdida,
por entre injecções de ermos distantes...
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _[maldita


Adormeço sobre agulhas de dor,
para entorpecer um hálito a epitáfio...
_ _ _ _ _ _ _ _e desperto]
nos lábios do sufoco
...ainda lá está;
na sua eterna perseguição,
O meu querido morto!













a aula de hoje recordou-me isto

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Estas palavras…

Estas palavras que aqui escrevi,
Não são baladas mas sim,
O que senti…
A todos vocês são dedicadas,
Com a maior clareza,
Perante esta minha tristeza,
Que me invade por outros motivos,
Que não são resolvidos,
Mas que convosco esqueço,
Pois são vocês,
Que me fazem esquecer os porquês…
Nesta vida de surpresas,
Fazendo-me assim,
Acreditar e ter força para continuar,
De todos vocês me despeço com este gesto…



Um grande beijo para todos da vossa colega e amiga Paula Costa (Paulinha)

Uma vida atribulada



Uma vida atribulada,
Que de alguém foi herdada,
É nesta vida que me encontro,
No meio de tantos confrontos,
Feita de alegrias e tristezas,
Não andando com tretas,
Mágoas estas que são guardadas,
Às vezes lembradas,
Mas nunca ultrapassadas…
Conseguindo manter sempre,
Um rosto contente…
Esta sou EU


Paula Costa, 11º E

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

No pensamento…

Não tinha esta intenção,
Até que chegou o dia,
Em que me chamaram à razão,
Não podendo ignorar esta minha vocação…
De escrever eu gosto,
Convosco descobri tal segredo,
Com gosto tal coisa ficou em pensamento…
Obrigada por serem minha companhia,
Para além da minha família…
Com carinho vos escrevo,
O que me vai cá dentro…
Para sempre me lembro
Deste momento…
Para todos aqueles que me são verdadeiros,
Aqui fica uma pequena reflexão,
Que me vai no coração…


"Inpaulinha"


Paula Costa, 11º E

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Frei Luis de Sousa... versionado

Não desmerecendo a grande obra de Almeida Garrett, antes prestando-lhe o devido tributo... porque, chorei, sim, sim, chorei ao ver esta adaptação... além de que os actores, arrancados ao Povo, fazem justiça à defesa intransigente que deles fez Garrett ao longo da sua aventurosa vida.

Deixo-vos, pois, a adaptação para televisão, feita pelo saudoso canal CREDO... desfrutem! :D

sábado, 12 de janeiro de 2008

A Espera














Eram os olhos de marfim amendoado;
Embebidos em pensamento profundo,
que engoliam o Tempo num trago,
enquanto o pão se vendia ao mundo.

Envoltos num tom amargo;
Ocultavam reinos de orgia distante,
daqueles que sorriem à Morte,
com logro fecundo e ávidos de sangue.

Arrastando pela espera violenta,
o ónus da esperança bravia,
amansaram a dor da hora lenta;
Mas o pão ao mundo já se não vendia.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Sempre... Padre António Vieira


A crítica de Padre António Vieira não podia ser mais actual. Este, durante o sermão, fala sobre a corrupção e o “canibalismo” entre os homens. Ora, hoje-em-dia, basta abrirmos um jornal para ver que muitos estão sempre de “barriga cheia” à custa de outros.
Vejamos o caso de países como Angola, Moçambique ou Cabo Verde, países onde a taxa de mortalidade infantil é astronómica, o acesso a água potável é diminuto, doenças como a SIDA são “o pão-nosso de cada dia” e palavras como higiene, educação e saúde estão enclausuradas no dicionário.
Nestes países o petróleo abunda, o ouro está por todo o lado, assim como os diamantes, rubis e esmeraldas, não esquecendo as especiarias. Como, então, explicar esta situação?
O Padre António Vieira, já em 1654, responde: “Os grandes comem os mais pequenos…”. Ou seja, por um lado temos os pobres, trabalhando de dia e de noite, por outro, vemos os “senhores doutores”, sentados confortavelmente nas suas poltronas, a “comer” tudo o que estes produzem.
Contudo, não necessitamos de ir até aos trópicos para sentir a escaldante actualidade de Padre António Vieira.
O que se passa nas empresas do primeiro mundo, como é o nosso? O que tem de fazer alguém que quer subir na carreira senão “comer” aquele que lhe pode fazer frente? Não era isso que se passava na cidade do Maranhão?
Em suma, acho que o sermão de Padre António Vieira é extremamente actual, retratando com exactidão o que se passa na sociedade de hoje-em-dia.
A sua actualidade só peca por o sermão ter sido pregado no púlpito de uma igreja e não num qualquer blogue da internet.




Tânia Daniela Falcão 11º B

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Vieira, o Polvo e a Morte



Continuo possuída pela sanha inspiratória, que não inquisitória, nascida das leituras, múltiplas, por gosto e obrigação, do “Sermão de Santo António aos Peixes”, do Padre António Vieira. A última revelação: a cor da Morte. Sim, não faço a coisa por menos! Descobri a cor da Morte, sem margem para dúvidas: se o Medo é amarelo e a Raiva, verde, a Morte é… da cor do Polvo.
Não se espantem! Basta ler Vieira e o que dizia do Polvo: As cores, que no camaleão são gala, no polvo são malícia; as figuras, que em Proteu são fábula, no polvo são verdade e artifício. Se está nos limos, faz-se verde; se está na areia, faz-se branco; se está no lodo, faz-se pardo: e se está em alguma pedra, como mais ordinariamente costuma estar, faz-se da cor da mesma pedra. (Capítulo V).

Como? … não vêem a relação? Mas é claro que não! Desde quando as revelações deste calibre são evidentes?... é preciso haver uma maturação interior, um caminhar para a luz, uma ascensão no caminho do conhecimento… e a interacção com os alunos e as suas dúvidas e questões. Só hoje, confesso humilde e envergonhadamente, atingi todo o alcance deste excerto (não enxerto, atenção) do Sermão, quando me deparei com o desconhecimento de alguns alunos sobre esta característica mutatis mutandis do Polvo (reparem no elegante recurso ao Latim, para não ficar aquém do douto Orador... o significado não é exactamente o mais apropriado, mas que soa bem, soa!): pensavam que o Polvo tinha a cor com que se apresenta no prato. Ao responder-lhes, vi a Luz! Essa é a cor quando está morto! E.... se este adopta a cor do ambiente em que está… estando morto… adopta a cor da Morte!!!
Eis, pois, porque o ser humano fica arroxeado quando morre, ou porque vemos esse belo branco arroxeado na doce Noiva Cadáver do Burton, ou porque os paramentos da Semana Santa (vejam a brilhante ponte que faço com a dimensão religiosa do Sermão) são roxos… é porque,efectivamente, é essa a cor da Morte! E foi o Polvo que no-la revelou.

Por acaso, em época de roupa velha e de aproveitamentos afins, vou fazer, para logo à noite, arroz de polvo. Pretendo comê-lo com profundo respeito reverente.





Fátima Inácio Gomes