Vidinha
reservada, tranquila, calada
E
que felicidade, ora não é verdade?
Não
me falem em políticos, políticas, politiquices
Eu
cá me arranjo no meu cantinho
Os
políticos, esses, todos uns corruptos
A
fruta ‘tá mais cara
A
Dona Olinda deixou de receber a pensão
Não
consigo pagar a renda deste mês
Não
fazem nada, esses do poleiro
Se
o Salazar estivesse aqui… Oh! Não era nada disto!
Basta!
Não
entendem, não querem entender
Felizes
na sua própria ignorância
São
todos uns escravos, mártires, burros
Será
que não pensam?
Somos
o 1984 do Orwell
Somos
o Mundo Novo do Huxley
Acordem!
Saiam
da caverna, pois bem? (Platão! Leiam!)
Que
a verdade anda aí
E
que palavra minha não mente
E
que eu sou mais que vós, não se iludam
Ignorantes
Insignificantes
Ignóbeis
QUADRADOS.
Pois
bem, desenterrem-se da lama
Que
o que vos digo é absoluto, sou artista
Vejo
um bom Bergman
Vou
a concertos
Aprecio
as artes
Não
duvidem da minha dor, da minha mágoa do saber
Chorem,
comprem por mim
Que
eu cá almoço Nietzsche, lancho Marx, janto Camus
Basta!
Ah!
Mas estes que tais…
Que
superioridade, que intelectuais
Eu
cá não admito estes individualismos, pretensiosismos
Cessem
as filosofias do amor
Os
cinemas poéticos
As
chávenas de café
As
noites amargas com mulheres desesperadas
O
cintilar dos copos cheios de elitismos
Cessem
com os eufemismos!
Monólogos
baratos, falas leves, discursos profundos
Que
de profundos só têm as entranhas
Que
o resto, meus caros, o resto é forma
É
estética.
Enganam-nos
com distopias, com falsos sofrimentos
E
o entretenimento? Onde anda?
E
a alegria? Onde ficou?
E
o sangue humano, do impulso enraivecido
Tenho
saudades de entreter
Entretenham-se!
Que
a minha ignorância equivale ao seu intelecto
E
que o ser contra o politicamente correto é o que está a dar
E
que eu estou farto da compaixão
E
que estou farto do feminismo
E
que farto do altruísmo
E
farto
E
que eu estou farto!
Basta!
Basta
desta mania
Desta
humilhação coletiva
Querem
saber qual é o veredicto final?
Sou
anti-isto, anti-caixas
Não
vos quero comparar, nem ofender, nem prender
A
minha condenação não existe
Sou
anti-ismos, anti-moldes, anti-grades
Em
prol das liberdades
É
existência.
É
essência.
Apesar
de tudo,
Sou
anti-nada.
Para
lá do nada,
Pré-nada
Pós-nada
Aspiro
a ser
Ode
ao ser!
Basta!
Que
seja.
Inês Guimarães, 12ºD
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