sábado, 4 de janeiro de 2014

Os novos Vieiras

  O desafio foi lançado: considera um comportamento social reprovável e, seguindo o exemplo de Padre António Vieira, seleciona um animal que possa representar esse comportamento para servir de base a um texto argumentativo.





Eis um dos textos:



Vedes vós, meus senhores e senhoras, pois não sou o único, aquelas pessoas ali que se fazem passar por “santinhas”, mas quando se vai a ver elas mostram as suas garras e nos prendem não com “unhas e dentes”, mas sim com “garras e dentes”.
O mesmo se passa com este tal animal mitológico chamado de “pegasus”. Este anima com corpo de cavalo, asas de falcão, um chifre na cabeça, parecido com um dos nossos rinocerontes, e com uma das cores mais bonitas que conhecemos, a cor da paz. E com todos estes caprichos e apetrechos que ele tem, à vista desarmada parece ser manso e a sua beleza quase que rivaliza com a beleza da própria Deusa Vénus. Mas atenção, parecer não é a mesma coisa que ser.
Este tal de “pegasus” que vos falo utiliza as suas asas para sobrevoar a sua presa, com a sua visão muito mais apurada do que a nossa observa todos os movimentos e com o seu tão apurado olfacto, consegue farejar até a mais longínqua presa.
Agora, perguntais-me vós, como é que este animal caça? De uma forma muito simples, ele chega-se perto da sua presa, fingindo ser pacífico, coitada dela que “cai” por ver apenas a sua cor, e quando se sentir confiante ataca e só a larga quando ela estiver morta.
O mesmo acontece aqui na terra, com estas tais pessoas vis. Só para que percebam, imaginai que uma dessas pessoas se chega perto da vossa família, fazendo-se passar por um primo afastado, e vocês veem que ele é uma boa pessoa e tal e aceitam-na na vossa família. Passando um tempo após ela ter ganho a vossa confiança, ela atacar-vos-á sem dó nem piedade, dependendo do seu motivo, que tanto pode ser por dinheiro como por vingança.
É o que vos digo, detesto pessoas falsas. Tudo o que tinha a dizer, já o disse, portanto já vos podeis ir embora com este sermão dado por mim.

Ricardo Leite