Este é um espaço para os meus alunos de Português... os que o são, os que o foram... os alunos da Escola Secundária de Barcelos... (e seus amigos que, se "vierem por bem", serão muito bem recebidos!)... Poderá vir a ser um ponto de encontro, onde a palavra escrita imperará, em liberdade, criativamente, para além das limitações da sala de aula, porque acreditamos que escrever não é "um acto inútil"... inútil é calar.
terça-feira, 31 de março de 2009
Dormir à espera de Acordar
O mote foi dado, para um teste de avaliação (coisa tão pouco poética…), a partir dos versos de Manuel Alegre, do português errante… "sou um português errante a caminhar / Em busca de um país que não se encontra”
O que é isso de “ser português”?
Não sei o que é ser português.
Confesso que, até este ano, a resposta à pergunta “O que é ser português?” era mais imediata. A palavra “português” vem, todas as noites, no telejornal, associada a “cauda da Europa”, “pobreza”, “analfabetismo”, “corrupção”, “último lugar”. Eram estas as respostas que eu daria… até este ano.
Este ano passei as aulas de Português a “ouvir” uns senhores a falar dos portugueses e a descrevê-los como os senhores do mundo. Bom, isto pode não ser muito credível, quando eles próprios também são gente Lusa. Contudo, eles não se limitam a dizer que nós somos especiais, somos os "Escolhidos”. Não, eles dizem porquê e provam-no. Cada aula de português tem sido uma viagem a tempos longínquos em que Nós éramos grandes, em que Nós estávamos no comando da Europa e do Mundo, éramos ricos, multimilionários, em coragem, destreza e nobreza, éramos os primeiros, o exemplo. Foi delirante sentir que ser português é muito mais do que habitar em Portugal, ser Português é viver em Portugal com o toque do Além e os olhos prontos a desvendar tudo o que surja.
Este delírio e satisfação foram sensações fantásticas. Contudo, quando a porta da sala batia e os meus pés tocavam de novo o solo desta gente lusa adormecida, viajava de regresso e tudo parecia um sonho. Deste sonho eu não quero despertar, mas todos os dias me acordam bruscamente e dizem:“Acorda. É hora de acordar! Olha pela janela e vê, os dias de sol quente já lá vão. Hoje está nevoeiro, frio.”
É assim que me tentam acordar, ou melhor, é assim que tentam que tudo continue a dormir. Mas um dia o nevoeiro levantará e o sol irradiará.
Até lá… não conheço Portugal!
Daniela Falcão, 12ºB
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