Suavemente te elevo no ar
Aprecio a roupa que te veste
Teus contornos bem trabalhados
Fruto de um trabalho agreste
Por mãos na arte calejadas.
Na minha cama te deito
Aproveitando para te observar
Como são perfeitos os contornos
Que tuas vestes fazem salientar
As tuas roupas retiro com cuidado
Deixo te completamente despida
E agora sobre meu leito estendida
Observo a superfície de teu corpo
Acariciando com ânsia tua pele lustrosa.
Poiso-te sobre o meu colo
Procurando a melhor posição
Uso um dedo, dois, uma mão
Finalmente são duas a dar-te prazer
Que a cada toque te fazem tremer
Num pequeno aquecimento experimental.
A cada contacto sinto teu corpo vibrar
E tremer contra o meu peito
E delicio-me com o teu grave chorar
Fruto de um trabalho bem feito.
Paro então para te aconchegar
Uso uma mão para te prender o braço
Apoio o meu sobre a tua barriga
Com a mão, em frente ao teu orifício
Inicio movimentos firmes e constantes
Num ritmo durável que te faz gemer
Inundando-me também a mim o prazer
A cada movimento que vou fazendo.
Minha mestria nesta arte prospera
E movimento-me então com mais garra
Culminando num extasiante sonho
Que na realidade se desfaz,
De vir um dia a ser tocador de Guitarra…
10 comentários:
Vitor parabens!! adorei, está absolutamente genial :D
Obrigada...
Só não sei se a "professorinha" irá achar muita graça...
Enfim... como as coisas andavam paradas por aqui, há que animar...
HAHAHAHAAHAHAHAHA,
sem comentarios, continua
Bem, então a "professorinha" pronuncia-se...
Quando tratamos, no momento, a temática da “Orpheu” a questão do desafio, do “eppatér les bourgeois” ficará sempre curta, quando um Mário de Sá-Carneiro clama “Ela dança, ela range. A carne, álcool de nua,/Alastra-se pra mim num espasmo de segredo…” e “ Mordoura-se a chora – há sexos no seu pranto…”
O teu M18 tem de ser encarado na sua vertente, digamos, estética e é nesse sentido que me pronuncio. Numa primeira parte exploras a sugestão, algum sentido do sentido do poético… e por aí encontrei-lhe encanto. Contudo, passas depois para uma vertente mais da evidência, o que quebra esse encantamento (possivelmente, de modo intencional) e torna a subtil e rica arte da sugestão, do insinuado em algo que se aproxima mais da “arte” do anedotário de um Fernando Rocha… dizia Mário de Sá-Carneiro que “pressentir é mais do que sentir” e o Pessoa acrescentava “A literatura, como toda a arte, é uma confissão de que a vida não basta”.
Por isso, Vítor, não assumo o papel censório sobre um texto que adentra a temática da sensualidade. Desejo penas que, dado o risco de pisar a risca do bom gosto, de perverter aquilo que Rimbaud definiu como “um raro encontro das palavras”, explores a potencialidade da linguagem poética para ascender a uma linguagem bem mais insinuante e encantatória.
Deixo-te com Maria Teresa Horta, uma sacerdotisa da arte do dizer o amor na sua vertente sensual, que também fala do desnudar… (poderás procurar outros, bem mais audazes… este é só parte do Ritual do Amor):
Depois é a penumbra
e o vestido
a tirar pela cabeça
amarrotado
as mãos abocanhando o cimo
do vestido
no desatino – na pressa
que as invade
acesa a carne
no ócio dessa tarde
liberta enfim da seda
do vestido
que mais que seda é sede
e é a tarde
acesa enfim no corpo
sem vestido
Vai longa a exposição... não podia perder a oportunidade de explorar o sortilégio poético... dizer, há muito quem o faça. Sugerir só alguns! :)
(creio que o "risível" do último comentário não é o resultado mais desejado não achas?)
Bem, tal como diz, este "sortilegio poetico" não saiu da cartola... Saiu apenas, inspirado num outro... Saiu apenas com a ideia mesmo de "pisar a risca do bom gosto"... Sim, este não foi em vão... muito pelo contrario. Foi prepositado... Apenas com a ideia de mostrar o quão as palavras podem ser ambiguas e o espirito humano consegue preverter algo...
Em suma, pode-se considerar uma brincadeira... Tipo prache para iniciar este ano lectivo...
E para que não fique este "sortilegio" aqui tão só, passo portanto a expor o seu "irmao" e aquele em que foi inspirado...
"Suavemente te elevo no ar
Para que o vento te cumprimente
A ti que outrora já foste semente
A vieste porem aqui parar
Poiso-te sobre o meu doce leito
Penso no conto da tua vida
Desde a tua morte sofrida
Até ao choro contra o meu peito
E foi mão na arte experimentada
Que te cedeu agreste quebranto
Fazendo-te alegre cigarra
Não sendo mais árvore plantada
Enches agora todos de espanto
Com teu doce canto de guitarra"
Ficam assim agradados os dois gostos:
-O gosto pela bela e agradavel poesia...
-O gosto pela poetica anedotoria do "Fernando Rocha"...
P.S.:Surprende-me que, sendo a professora uma revolucionaria defensora da lingua da nossa patria, tenha a professora conhecimento do nome deste comediante e do conteudo das suas anetoas...
Não te espantes assim, caríssimo! Para defender há que conhecer! Só o conhecimento profundo evita batalhas estéreis... pior ainda, batalhas fúteis e néscias!
Quanto ao poema inspirador... creio que merece honras de destaque. Deverias colocá-lo num tópico próprio. Está muito mais sugestivo, insinuante... revelador (o quarto verso deve precisar de correcção).
Já agora, a correcção: "propositado", "perverter" e "praxe".
E... gostei bem da tua explicação. Sabia que estarias à altura! ;-)
A ortografia não e o meu forte, como a professora já conhece... ;)
"A cada movimento que vou fazendo.
Minha mestria nesta arte prospera
E movimento-me então com mais garra"
Caro Vitor Hugo, não sei como lhe agradecer!!
lágrimas, ininterruptas lágrimas!
és má.
Ah sim! Joules de maldade, darling...
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