domingo, 27 de abril de 2008

Ensino Público ou Ensino Privado


Será uma questão de poder promover um futuro melhor aos seus filhos ou apenas porque é mais chique? Estamos no início do século XXI e tantas mudanças, a vários níveis, aconteceram relativamente à década de 1990. Senão vejamos: quantas crianças, em idade escolar, tinham, naquela década, acesso às canetas coloridas, às mochilas mais fashion ou, até mesmo, às mais actuais tendências na maneira de vestir?
Talvez aquelas que tinham familiares no estrangeiro e nas férias do Verão recebiam, como presente dos padrinhos, uma grande caixa de marcadores de todas as cores ou uns cadernos que eram o último grito em Paris. À excepção destas, só mesmo aquelas crianças com sangue azul a correr-lhes nas veias é que usufruíam daqueles grandes luxos. Felizmente, nos nossos dias, isto já não acontece. Hoje, aqueles grandes luxos tornaram-se objectos banais que ninguém dispensa, mas, também, são poucos os que lhes dão muita importância.

Mas o ensino não sofreu evoluções apenas neste sentido. Digamos que, para uma boa percentagem dos portugueses, as condições económicas melhoraram bastante nos últimos anos, logo o ensino para estes “novos-ricos” não se baseia, apenas, em adquirir aqueles objectos “tão importantes”, mas sim em poder frequentar as melhores e mais caras escolas, ou seja, as escolas privadas. E os pais, “tão queridos”, que tudo fazem para dar a melhor educação aos seus filhos, decidem “depositar” os meninos em colégios privados, porque estes, para além de fornecerem melhores ensinamentos, estão, de certeza, muito bem cotados na sociedade, transformando os meninos em meninos bem. Portanto, e derivado aos factos apresentados, uma proliferação do ensino privado, nos dias que correm, seria inevitável. Deste modo, a sua procura tornou-se cada vez mais acentuada, mas, ao mesmo tempo, mais restrita.

Não quero, com isto, dizer que seja uma situação negativa, pois acho que toda a gente concorda quando se diz que os pais só querem o melhor para os seus filhos. Mas o que está realmente, aqui, em causa é o estigma que se criou acerca das escolas públicas. Estas, sim, já estão rotuladas há algum tempo, porque são obrigadas a receber “todo o tipo de alunos” que, quer queiramos quer não, provocam grande instabilidade não, apenas, dentro das salas de aula, mas também em toda a envolvente dessas escolas, tornando-se, a este nível, numa questão social.

Ora, para as pessoas bem este tipo de situações está fora de questão. O que diria a doutora X ou o Sr. Engenheiro Y se soubessem que os filhos frequentam escolas públicas!
Em jeito de síntese, parece-me correcto afirmar que, actualmente, as escolas privadas foram criadas para aqueles que, de certeza, serão cidadãos exemplares, à imagem dos seus progenitores e por isso não estão ao alcance de qualquer um. Para os outros existem as escolas públicas. Mas será que é isto mesmo que acontece? Será que o conforto económico-social é sinónimo de uma educação modelo ou de um futuro promissor? Ou será que esse conforto económico também abre a porta a alguns dos “inimigos” da sociedade?



Sofia Raquel Pereira
11ºE

sábado, 26 de abril de 2008

País (in)feliz



Hoje em dia vivemos numa sociedade onde predominam pessoas endividadas até ao pescoço que passeiam os seus BMW e Mercedes, e os devotos fiéis que dizem “Ámen!” a tudo o que provenha de alguém que transmite mensagens da entidade superior e transcendente, o divino.
Quando passeamos pela rua, ou de carro, somos surpreendidos, ou não, por uma grande quantidade de carros que, não há muitos anos, eram considerados os carros que pertenciam aquelas pessoas mais abastadas. No entanto, nos nossos dias, muita gente quer ter aquilo que não pode, não estando apenas a referir-me aos carros, como também às casas e a outras coisas que deveriam ser “objectos” essenciais e não acessórios para expor ou tirar fotografias e colocar numa capa de revista, para poder competir com as tias de Cascais, de quem se dizem “amigos”. Tendo, por isso, surgido a classe dos novos-ricos, cuja definição deverá ser: pessoas que se encontram endividadas ou têm uma fábrica, que até lhes dá algum dinheiro e querem logo gastar em coisas que apenas servem para esconder o seu interior, ou para angariar supostos amigos com algumas posses, que não se relacionam com pessoas que não sejam da sua classe.
Outro problema da nossa sociedade reflecte-se, principalmente, na zona interior do nosso país. Se nós, do litoral, dizemos que o nosso país está parado é porque nunca olhamos para as aldeias onde há desertificação e a morte surge em cada esquina. Podemos também falar em retrocesso, pois desde os tempos de Salazar, a máxima defendida pelo país não é “Deus, Pátria e Família”, mas segue-se à luz (?) de não olhem para o que eu faço preocupem-se apenas com as vossas famílias e em ir à missinha ao domingo, que eu destruo o resto.
Pois é, em muitas aldeias do século XXI ainda não chegou a água, quanto mais a televisão, para permitir que as pessoas possam abrir um pouco a sua mente e não acreditar apenas no que o senhor padre diz, uma vez que ele é a única fonte de informação, que não permite a transmissão de 1/3 da informação que a nossa televisão pública permite.
Não critico directamente essas pessoas, que vivem isoladas do nosso mundo, acredito até que sejam muito mais felizes assim, do que a assistirem à desgraça que assola o mundo, onde só se vêem guerras, mortes, violência arbitrária, insegurança, terrorismo - Critico, sim, aqueles que não permitem que a informação lhes (?) possa chegar, porque lhes é mais conveniente, porque lhes convém a existência de um grande número de pessoas ignorantes e analfabetas, pois são mais fáceis de manipular.
Eu interrogo-me como é que é possível, em pleno século XXI, considerado século de avanço, não só tecnológico como também das sociedades, existirem mentes tão retrógradas e tão fechadas como as da grande parte dos portugueses.
Como é possível a existência de pessoas que acreditam que aquilo que mostram ter e ser é mais importante do que aquilo que realmente têm e são? Como é que ainda há pessoas que aparentam ter umas palas idênticas aquelas que são usadas nos cavalos que não permitem ver para os lados e apenas permitem seguir em frente com as suas convicções ultrapassadas pela modernidade? Temos um país que vive de aparência e não consegue encontrar o seu rumo, apesar da grandeza do passado ter traçado a predestinação para a glória que continuamos a aguardar. Só com uma vontade colectiva forte conseguiremos vencer.



Melânia, 11ºB

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Catarina de meu nome


Verdes ceifeiras

Voejam pela colheita
do meu campo.

Mãos sob pele enrodilhada
Calos nos ossos, fronte suada,
Apertam o Cabo!

O Sol seca o canto da água
que não passa,
já não verte
Terra quente que o pó aquece
( o mesmo pó donde se ergue
o mais comum dos eternos).

Velhas ceifeiras...

Ardem-lhes os olhos
-Será o pó?
...são os mortos.
Pesam-lhes nas costas
E nas rugas ásperas;
Vede como são profundas,
como são amargas!

Consintai, ó ceifeiras,
que seja vingada a sua vez.
Porque pede, de nome Catarina,
que lhe cortem os pés,
que lhe ceifem a vida!


quinta-feira, 3 de abril de 2008

Pelos passos de Cesário Verde



Caminho pela avenida e vagueio, divago na minha ignorância de menina "cosmopolita", que compra a sua revista "Vogue" na esquina e baixa os seus óculos de sol ao encarar a rua como uma verdadeira "passarelle". Desfilo por lojas, ansiando ter todos aqueles vestidos magníficos que, na realidade, não mostram quem sou, mas sim quem quero dar a entender que me tornei. Tento desculpar-me com a folia dos meus dezasseis anos e com a sociedade actual, porém sei que isso são apenas fugas a verdades impertinentes, tais como o estar a tornar-me consumista. Subitamente, prende-se-me o olhar num quadro. Nele consigo visualizar uma paisagem realmente exuberante, um campo ladeado de flores, árvores, coberto por um véu misto de cetim azul e branco e, no centro de toda aquela miragem, uma casinha com apenas três janelas e uma porta castanha. Nessa altura, sinto-me "despida" daquela menina da cidade e aterro em todo o vislumbre, no qual corro, corro... como se ansiasse alcançar algo, de facto, como que se desejasse reencontrar-me...


***


E foi assim que, há uma semana atrás, me senti. Enquanto passeava pela rua, um quadro me roubou a atenção e me fez sentir liberta da cidade.
Sempre vivi em Barcelos e não posso dizer que já tenha experienciado viver no campo, contudo reconheço o valor que este tem, tanto para a sociedade como para o ambiente. Embora a sociedade em geral se sinta mais atraída palo litoral e pelas cidades (facto que se pode explicar através do maior número de empregos ou pela facilidade de acesso aos serviços), o campo é agora mais valorizado e, devido à decadência do nosso planeta, até reconhecido, em alguns casos, como património mundial.
A meu ver, estamos numa fase de reflexão de valores. Já lá vai o tempo em que o Mundo "suportava" todas as nossoas asneiras. Actualmente, devemos reconhecer toda a dádiva que nos é dada por, simplesmente, podermos viver !

Mariana Martins, 11ºE

Sob a estrela de "Frei Luís de Sousa"


“Estamos em pleno século XXI e a verdade nua e crua é que já nos consideramos derrotados, baixamos as armas e cessamos fogo e, o pior, é a esperança, que se vai esvanecendo diante dos nossos olhos…”

Este seria, de facto, um verdadeiro testemunho da situação actual, caso quisessemos descrever o comportamento dos portugueses.

Povo outrora tão prodigioso, com um prestígio inagualável, actor de grandes feitos como os descobrimentos e que, agora, se vê reflectido na sua longa costa, derrotado, cabisbaixo e angustiado.

Realmente, já não existem portugueses como Manuel Sousa Coutinho, o típico patriota, para quem Portugal era a sua terra-mãe, o seu lar, que era necessário defender tal como a sua própria casa.

Como já referi ao longo do texto, e agora recapitulo, o estado de espírito dos portugueses está abalado e, como consequência, também a terra o está, também os serviços, as comunicações e todo o ciclo da vida.

Acredito, fielmente, que no fundo de cada coração português há uma réstia de esperança e de patriotismo. O que é necessário é “desacomodarmo-nos” e sair desta nuvem negra que já paira sobre nós há algum tempo. Precisamos de “incendiar palácios”, de revolucionarmos governos, de alterarmos estados de espíritos e terminarmos com preguicites e corrupções, para que Portugal volte a triunfar como o Quinto Império que é!

Mariana Martins 11ºE