quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Poemário

Com atraso de uma semana chega o poema que fala de AR... e dos restantes elementos! :)
Foi o Pedro Pinto quem o apresentou e convenceu os colegas a escolherem-no.




Sou poeta do mar
Da terra e do ar
Sou poeta do fogo
Do que não pode calar
Do que arde em chamas intrépidas
Do que é preciso lagrimar
Em versos ritmados
Em desejos alados
Em suspiros recolhidos
Em conchas de brocados
Sou poeta das montanhas, das rochas 
Do vento
Dos desertos sem alento
Sou poeta do dia e da noite
Das madrugadas cortadas no açoite
Dos pensamentos sombrios
Dos incontidos desvarios
Sou poeta das matas, dos rios
Da fauna e da flora
Das estrelas do escuro manto
E da aurora
Sou poeta do riso e do pranto
Poeta dos simples, das crianças
Dos rejeitados e oprimidos
Em suas andanças
Sou poeta do amor
Poeta da dor
Dos jovens e velhos
Em suas esperanças
Sou poeta de toda gente
De todo lugar
Sou poeta
Poeta sou


                       Úrsula Avner (Úrsula de Almeida Vairo Maia)




Sobre a autora: http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=51352




Quanto ao nosso Poemário, só voltaremos em meados de Dezembro. A palavra, naturalmente - NATAL.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Feliz Aniversário!

Hoje Saramago faz 88 anos. Uso o presente intencionalmente: homens assim não morrem.
O aniversário é do Saramago, a prenda recebia eu.
A Ana Luísa trouxe-me, precisamente hoje, um texto que escreveu inspirada pelo do Saramago "O Sorriso". Ela consentirá que partilhe esta prenda convosco.



     O sorriso não tem descrição única, não tem situação marcada, nem até uma emoção determinada.  O seu simples acto lança variadas manifestações, assim como o chafariz lança cada gota de água.
     O sorriso varia com as pessoas, as experiências e os sentimentos. Mas todas as pessoas já foram merecedoras de sorrisos e já sorriram, espontaneamente. O sorriso transmite paz, simpatia, alegria, veracidade e, até, ousadia. Acalma o coração da gente e dos animais. Até eles percebem o que um sorriso transmite. O sorriso serve de "sim" e uma pergunta inesperada, num dia, num jardim, entre duas pessoas enamoradas. Ela sorri e segue-se um outro sorriso da parte dele, como uma nascente enchendo-se de novo, sem parar de fluir neles.
     Um verdadeiro sorriso, que seja simples e sereno, contém uma empatia e uma emoção tão puros que nem um riso melódico pode superar, ou até mesmo o olhar de uma ninfa. A simplicidade é o segredo, é esse o valor que tem. Sem sorrir, as emoções não são extravasadas para o mundo cá fora, há dureza, rostos sem expressão, palavras por dizer e sorrisos que os completam.
     Acredito que o sorriso seja a verdadeira luz da emoção.


Ana Luísa, 10º A






O texto de Saramago, que inspirou o da Luísa, é este:


O Sorriso - José Saramago
Sorriso, diz-me aqui o dicionário, é o acto de sorrir. E sorrir é rir sem fazer ruído e executando contracção muscular da boca e dos olhos.
O sorriso, meus amigos, é muito mais do que estas pobres definições, e eu pasmo ao imaginar o autor do dicionário no acto de escrever o seu verbete, assim a frio, como se nunca tivesse sorrido na vida. Por aqui se vê até que ponto o que as pessoas fazem pode diferir do que dizem. Caio em completo devaneio e ponho-me a sonhar um dicionário que desse precisamente, exactamente, o sentido das palavras e transformasse em fio-de-prumo a rede em que, na prática de todos os dias, elas nos envolvem.
Não há dois sorrisos iguais. Temos o sorriso de troça, o sorriso superior e o seu contrário humilde, o de ternura, o de cepticismo, o amargo e o irónico, o sorriso de esperança, o de condescendência, o deslumbrado, o de embaraço, e (por que não?) o de quem morre. E há muitos mais. Mas nenhum deles é o Sorriso.
O Sorriso (este, com maiúsculas) vem sempre de longe. É a manifestação de uma sabedoria profunda, não tem nada que ver com as contracções musculares e não cabe numa definição de dicionário. Principia por um leve mover de rosto, às vezes hesitante, por um frémito interior que nasce nas mais secretas camadas do ser. Se move músculos é porque não tem outra maneira de exprimir-se. Mas não terá? Não conhecemos nós sorrisos que são rápidos clarões, como esse brilho súbito e inexplicável que soltam os peixes nas águas fundas? Quando a luz do sol passa sobre os campos ao sabor do vento e da nuvem, que foi que na terra se moveu? E contudo era um sorriso.




terça-feira, 9 de novembro de 2010

Poemário

Hoje, o poema seleccionado pela turma chegou pelas mãos da Ana Luísa. 
Trata-se de um soneto, como era apanágio da autora, Florbela Espanca:







Languidez


Tardes da minha terra, doce encanto,
Tardes duma pureza de açucenas,
Tardes de sonho, as tardes de novenas,
Tardes de Portugal, as tardes d’Anto,

Como eu vos quero e amo! Tanto! Tanto!…
Horas benditas, leves como penas,
Horas de fumo e cinza, horas serenas,
Minhas horas de dor em que eu sou santo!

Fecho as pálpebras roxas, quase pretas,
Que poisam sobre duas violetas,
Asas leves cansadas de voar…

E a minha boca tem uns beijos mudos…
E as minhas mãos, uns pálidos veludos,
Traçam gestos de sonho pelo ar…




 Aqui fica um pouco da vida e obra da autora:
http://www.vidaslusofonas.pt/florbela_espanca.htm








A palavra da próxima semana, para acabar o ciclo dos quatro elementos: AR


Uma Declaração pouco convencional...

No âmbito dos textos transaccionais, trabalhou-se a Declaração.
Depois da análise formal, o desafio foi outro: recriar e torcer a estrutura formal deste protótipo textual... :)
Ficam aqui algumas dessas criações:





Declaro que o Senhor Manuel Espadinha
Sairá em liberdade condicional do Tribunal da Vida
Será livre em todo o local público e particular
Poderá participar em acções sociais
Contrair matrimónio e ter um lar
Porque como consta nos processos judiciais
Todo o homem condicionalmente livre pode sonhar.


Ana Luísa, Carla Gonçalves, Mayara Rodrigues, Miguel Ângelo, Weverton







Declaração de Presença


Declara-se, para os devidos efeitos, que a pessoa que mais amei na vida e a quem tudo dei esteve presente num dos momentos mais marcantes e intensos da minha existência, sendo a luz que me guiou através dos obstáculos, me consolou quando mais ninguém lá estava para o fazer e me amou mais do que alguém alguma vez me poderá amar.
Por tudo isto, agradeço a sua presença na minha vida, mesmo que tenha sido por tão pouco tempo. Para mim, bastaria para sempre.


Barcelos, 26 de Outubro de 2010-11-09


Bruna, Catarina, Carla, Inês, Marta





Declaramos o estado de necessidade
De um grande festival
Para a nossa felicidade
Queremos beber compal

Para cabeça de cartaz
Os Holocausto Canibal
Para festejar a paz
E a independência de Portugal

De cabelos grandes ou curtos
Do hip-hop ao metal
Entram os grandes e putos
O que é bom é nacional

Declaramos a Música
Um direito Universal!



Ana Sofia, Paulo Sampaio, Pedro Miguel, 
Renato Barbosa, Sérgio Fernandes